Sinistralidade dos planos de saúde corporativos em época de pandemia

por | maio 6, 2020 | Planos de Saúde | 1 Comentário

Com o anúncio da ANS, de que as operadoras de saúde devem cobrir os custos com os atendimentos decorrentes da Covid-19, muitas empresas estão com dúvidas acerca de como isso impactará a sua sinistralidade.

Em um momento em que todas as empresas estão voltando sua atenção para seus números e renegociando contratos e custos, preocupadas com o futuro, a possibilidade de um aumento de sinistralidade, que possa resultar em altos reajustes, deixa todos inseguros.

Eu gostaria de ter uma “bola de cristal” para poder prever o exato impacto dessa nova realidade no cenário de sinistro das empresas, mas com base na minha experiência e em movimentos do mercado conseguimos, vislumbrar algumas tendências.

Já de início, vimos que as operadoras, assim que verificaram a possibilidade de um estrangulamento nos recursos próprios e na rede credenciada, cancelaram qualquer procedimento eletivo, o que, diga-se passagem, era grande fonte de receita dos hospitais.


O impacto no sinistro é imediato, e aponta para uma redução significativa nas contas dos meses em que vivermos essa suspensão, para a maioria das empresas, pois o desempenho está sempre vinculado ao perfil de cada cliente.

As empresas já têm verificado algumas dificuldades nas liberações de internações e exames, resultado de protocolos rígidos estabelecidos pelas operadoras para atendimento e regulação de leitos. Além disso, também para tentar reduzir ainda mais os custos, as operadoras têm renegociado seus pacotes com a rede credenciada.

Com todo esse trabalho, estamos verificando números positivos na sinistralidade de março e parcial de abril das principais operadoras, resultado esse que, acredito, deva se espelhar nos planos corporativos.

5 pessoas em fila sorrindo, com um filtro vinho sob a imagem, escrito "Acompanhe nossa newsletter, conteúdo mensal especializado para o RH e líderes. Clique aqui para se cadastrar"

Os casos de Covid-19 têm tratamento basicamente clínico e de baixo custo, até que o paciente passe a precisar de atendimento de alta complexidade, devido ao seu estado de saúde ter se tornado grave. Importante salientar que as pessoas que atingem um alto grau de gravidade da doença permanecem em média entre 15 e 20 dias em uma UTI, permanência longa se comparada com outros casos clínicos, gerando um custo mais alto.

Indico aqui alguns pontos no perfil de seu grupo, que contribuem para o maior risco de impacto no sinistro, com relação à Covid-19:

    1. Alto percentual de pessoas acima de 60 anos em sua população. Essas pessoas, se forem infectadas, têm maior risco de utilizar leitos de alta complexidade em UTIs;
  1. Existência de muitas pessoas em seu grupo que fazem parte dos grupos de risco para agravamento da Covid-19:
    • Diabéticos
    • Hipertensos
    • Portadores de doença respiratória crônica
    • Portadores de doença renal crônica
    • Grávidas
    • Puérperas (quem deu à luz há pouco tempo)
    • Portadores de doença cardiovascular
    • Pacientes oncológicos ou imunossuprimidos
  2. Exposição de seus funcionários ao público em geral (se for de serviços essenciais) ou que ficam em trânsito.

Com o retorno mesmo que gradual das atividades e a volta dos agendamentos, teremos um represamento da realização de procedimentos suspensos, o que provavelmente impactará em um aumento significativo do sinistro.

Algumas dicas que podem ajudar a reduzir o impacto futuro:

  1. Incentive práticas de vida saudável para sua população na quarentena.
  2. Esclareça para sua população que os sinais de outras doenças não devem ser ignorados e que é preciso procurar um médico em caso de necessidade, antes do agravamento do estado de saúde.
  3. Reforce a necessidade de utilizar o médico da família e continuar as visitas periódicas a pediatras e geriatras principalmente.
  4. Com a situação da pandemia, os planos de saúde disponibilizaram médico na tela e telemedicina para facilitar o atendimento para Covid-19 e outras especialidades. O uso dessa ferramenta é mais seguro e de custo mais baixo que o do pronto-socorro.
  5. Oriente os funcionários com doenças crônicas para que não interrompam o tratamento contínuo nem a medicação, evitando idas desnecessárias ao pronto-socorro e exposição ao contágio nesse ambiente.

É importante entendermos que, assim como para outras questões, a realidade deste momento é temporária e mudará para sempre o comportamento das pessoas no que se refere à saúde e prevenção de doenças.

Neste momento, estamos adaptando diariamente nossos algoritmos e grupos de controle à nova realidade e comportamento de risco.


Cada vez mais, acredito que é fundamental conhecermos no detalhe os grupos de risco de nossa carteira e garantirmos ações focadas, para que as pessoas se mantenham saudáveis e os doentes, monitorados. Informações valiosas para tomada de decisões rápidas e assertivas em momentos difíceis como o que estamos vivendo!

Boa sorte a todos!

 

Este artigo foi escrito por Sheila Hojda, sócia diretora da 4Health Consultoria em Saúde e Benefícios, empresa especializada na gestão de planos de saúde, pacote de benefícios e programas de qualidade de vida e bem-estar.

1 Comentário

  1. Elizia Silva

    Excelente abordagem, Sheila. Parabéns.

    Responder

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