Ministério da Saúde foca em sarampo

Ministério da Saúde foca em sarampo

Diante do risco da volta de doenças contagiosas graves consideradas erradicadas no Brasil – como sarampo e poliomielite -, o Ministério da Saúde decidiu mudar a estratégia de imunização. Vai retomar procedimento bem-sucedido nos 1980 e 1990: as campanhas específicas.

Este ano, de 6 a 31 de agosto, em vez da já tradicional campanha de multivacinação, o Brasil terá uma ação mais focada, contra a pólio e o sarampo. O investimento do ministério nas campanhas deste ano já passa dos R$ 30 milhões. “As baixas coberturas vacinais, principalmente em crianças menores de 5 anos, acenderam uma luz vermelha no País”, informou o ministério, diante da lista de 312 municípios que estão com cobertura abaixo de 50% para poliomielite, como adiantou o Estado. Há também o reaparecimento de casos de sarampo em cinco Estados e em países vizinhos.

Em 2017, todas as vacinas oferecidas gratuitamente ficaram abaixo da meta de 95% preconizada pela Organização Mundial de Saúde para o controle de doenças infecciosas. Em 2011, por exemplo, as coberturas para pólio e sarampo – consideradas graves – eram de 100%.

Oferta

Segundo o Ministério da Saúde e Biomanguinhos (principal fabricante das vacinas) não há problemas na produção nem na oferta dos imunizantes. Para a campanha deste ano, por exemplo, já estão disponíveis 15,5 milhões de doses da tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola) e outras 11 milhões da pólio. Em Rondônia, por exemplo, o surto de casos de sarampo fez o governo antecipar a campanha de vacinação, que começou esta semana.

O problema, dizem autoridades e especialistas, não é a produção. “Quando doenças estão erradicadas, com elas vai o medo e a percepção do risco”, diz a pediatra Isabella Ballalai, presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações. “Os pais das crianças de hoje nunca viram sarampo ou pólio; eles mesmos foram vacinados na infância.”

Para Pedro Bernardo, da Interfarma (que reúne laboratórios privados de produção de vacinas), médicos e farmácias deveriam entrar mais nas campanhas. “E os planos de saúde deveriam cuidar dos beneficiários, focando na prevenção.”

Conheça tudo sobre a doença aqui.

Referência: O Estado de S. Paulo

Fonte: Anahp

Agrotóxicos atingem, diretamente, a saúde de próstata, pênis e testículos

Agrotóxicos atingem, diretamente, a saúde de próstata, pênis e testículos

Segundo a OMS, a exposição a pesticidas pode aumentar risco endocrinológico, especialmente no que diz respeito ao sistema reprodutivo masculino.

Em 1962, a ecóloga norte-americana Rachel Carson escreveu, na icônica obra Primavera silenciosa, que seria apontada como a fundadora do movimento ambientalista: “Se vamos viver tão intimamente com esses químicos — comendo-os e bebendo-os, levando-os para a medula de nossos ossos —, temos de entender algo sobre sua natureza e seu poder”. Ela se referia aos pesticidas que, à época, não levantavam suspeita entre a população e apenas começavam a atrair a desconfiança da comunidade científica.

As denúncias feitas por Carson receberam uma enxurrada de críticas da agroindústria, mas, na mesma proporção, atraíram a confiança dos leitores, que começaram a exigir mais clareza sobre os efeitos desses produtos na saúde humana. Um ano depois do lançamento do livro, um relatório do Comitê Científico da Presidência, ocupada por John F. Kennedy, apoiou o conteúdo da obra, uma tendência acompanhada por todo o mundo ocidental.

Passado mais de meio século, o Brasil é acusado por médicos e cientistas de retroceder, indo na direção contrária ao esclarecimento público, com a Câmara dos Deputados dando aval a uma proposta que, entre outras coisas, trocará o nome de agrotóxico por “defensivo fitonassanitário” e excluirá o Ministério da Saúde e o Ministério do Meio Ambiente do processo de registro desses produtos. No fim de junho, a Comissão Especial da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 6299/2002, de autoria do ministro da agricultura, Blairo Maggi, que altera as regras de registro, fiscalização e controle dos agrotóxicos. O texto, sujeito à votação no Plenário da Casa, já foi apelidado de PL do veneno.

Entre as sociedades médicas que manifestam preocupação com o teor da proposta, está a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). Na semana passada, Fábio Trujilho, presidente da Sbem, e Elaine Frade, presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos da instituição, divulgaram nota sobre o projeto, tachado de “grande irresponsabilidade e descompromisso com a saúde da população”. Segundo a Sbem, cerca de 600 estudos científicos demonstraram o potencial dos agrotóxicos de interferir no sistema endócrino, principalmente no desenvolvimento do sistema reprodutivo, na fase intrauterina.

Antes da votação, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e o Instituto Nacional de Câncer José Alencar (Inca) já haviam se posicionado: “Alertamos a sociedade brasileira para os efeitos potencialmente catastróficos da aprovação deste PL para a saúde pública”, afirmou a SPBC. “Tal modificação colocará em risco as populações — sejam elas de trabalhadores da agricultura, residentes em áreas rurais ou consumidores de água ou alimentos contaminados —, pois acarretará na possível liberação de agrotóxicos responsáveis por causar doenças crônicas extremamente graves e que revelem características mutagênicas e carcinogênicas”, advertiu o Inca.

Desreguladores

De forma geral, as pesquisas associam a toxicidade dos pesticidas a mutações que podem levar ao desenvolvimento de câncer, doenças degenerativas e distúrbios do neurodesenvolvimento. Na endocrinologia, especificamente, a preocupação é com uma função que muitos desses produtos têm: a de desreguladores endócrinos. Trata-se de um conceito recente, cunhado na década de 1990, quando a farmacêutica norte-americana Theo Colborn apresentou um estudo mostrando que certas substâncias químicas às quais as pessoas são expostas ao longo da vida agem no organismo enganando o sistema endócrino. Essas toxinas mimetizam ou anulam a função de importantes hormônios, ligando-se aos receptores responsáveis por detectá-los e reagir à presença deles.

Plástico com BPA, alguns medicamentos, cosméticos e artigos de higiene pessoal, revestimentos de latas, determinados tipos de papéis e retardadores de chama são alguns dos produtos que levam substâncias com essa função em sua composição. Ao menos nove classes de químicos usados no controle de pestes agrícolas são comprovadamente desreguladoras endócrinas (veja arte). Fetos, crianças e adolescentes são os mais vulneráveis aos efeitos adversos.

“Nesses casos, o raciocínio da toxicidade não tem aplicação. Doses mínimas dos desreguladores têm efeito máximo nos sistemas endócrinos”, observa Elaine Frade, presidente da Comissão de Desreguladores Endócrinos da Sbem. Ou seja, ainda que a quantidade do ativo seja tachada de “segura”, o organismo não interpretará da mesma forma, e as mais baixas concentrações de agrotóxicos com essa função têm potencial de mimetizar a ação dos hormônios.

Como seres humanos estão expostos a uma variedade muito grande de substâncias no meio em que vive, é difícil realizar estudos controlados para detectar a influência direta de um único composto na saúde. Contudo, pesquisas com animais criados em laboratório fazem essa associação. “Eles mostram conexão dos desreguladores com câncer, obesidade, doenças de tireoide e alterações no sistema reprodutivo, entre outros”, diz a médica.

“Medida tendenciosa”

Caso o PL 6299/2002 seja aprovado no Congresso e sancionado pela Presidência, o termo agrotóxico vai sumir dos rótulos, e será substituído por “produto fitossanitário de controle ambiental”. Trata-se de “clara intenção de passar a ideia de uma falsa inocuidade desses produtos para a população”, segundo posicionamento da Sbem. Além disso, não haverá mais a lista de produtos não agrícolas que contêm ingredientes ativos de agrotóxicos, como os inseticidas. O texto também tira da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) a atribuição de analisar e deliberar sobre o registro de agrotóxicos, passando a responsabilidade ao Ministério da Agricultura. Os produtos classificados como “risco aceitável” passam a ser permitidos e apenas os considerados de “risco inaceitável” ficarão permitidos. “Essa medida é absurda e tendenciosa”, afirma a Sbem.

No Brasil, há múltiplas vias de exposição

Pós-doutor em ecotoxicologia, Cesar Koppe Grisolia publicou, em 2005, uma obra na qual discute a influência dos agrotóxicos em mutações genéticas que levam ao desenvolvimento do câncer. Passada mais uma década, o livro está mais atual do que nunca. De lá para cá, mais pesquisas confirmaram essa associação. Enquanto isso, na contramão da maioria dos países, o Brasil ainda permite a comercialização de alguns dos pesticidas apontados pela ciência como potencialmente cancerígenos, como os organoclorados. Em entrevista ao Correio, Koppe demonstra preocupação com a fiscalização falha da lei dos agrotóxicos e critica a aprovação recente do PL 6.299/2002. “Esse novo projeto de lei facilita a ação de lobistas e as pressões da indústria”, diz.

O senhor publicou o livro Agrotóxicos: mutações, câncer & reprodução em 2005. Desde então, se consolidou ainda mais a evidência sobre os impactos negativos desses produtos nos genes?

Sim, a cada ano, aumenta na literatura científica o número de publicações mostrando os efeitos nocivos dos agrotóxicos sobre o material genético de diferentes espécies, inclusive o homem. Além dos efeitos cancerígenos e causadores de malformações congênitas. Há estudos epidemiológicos mostrando a correlação entre exposição aos agrotóxicos e o aumento de mutações no DNA que levam ao câncer. Esses dados estão mais detalhados no nosso livro.

Além dos trabalhadores que aplicam os agrotóxicos no campo, as mutações cancerígenas e o risco de infertilidade podem ocorrer em consumidores desses produtos?

Sim, porque hoje no Brasil o cenário é de múltiplas vias de exposição, como os níveis excessivos de resíduos nos alimentos, as contaminações das águas que bebemos, e do ar que respiramos. Assim, mesmo que em concentrações baixas, somando-se as diversas vias de exposição, o resultado final representa níveis significativos de exposição na população em geral. Os riscos a saúde são diretamente proporcionais à intensidade de exposição e, no Brasil, o grande aumento no uso desses venenos elevaram os riscos de causar mutações no DNA, de câncer e de infertilidade.

Dos pesticidas existentes no mercado brasileiro, quais têm maiores potenciais de impactar negativamente a saúde?

São muitos os agrotóxicos com risco de câncer registrados no Brasil. Ainda permitimos o registro e comércio de agrotóxicos organoclorados. Apesar de proibirmos os mais famosos, como o DDT e o BHC, somente depois de banidos no mundo todo, ainda pulverizamos organoclorados como endosulfan, que causa efeitos nocivos sobre a reprodução das espécies. O herbicida clorado 2,4-Diclorofenoxiacético causa linfomas, foi usado como um dos componentes do Agente Laranja na Guerra do Vietnã. Os soldados americanos que lutaram no Vietnã foram expostos e desenvolveram linfomas. A população vietnamita desenvolveu câncer e diferentes malformações, pois os resíduos desse herbicida no ambiente são muito persistentes.

No Brasil, a fiscalização é rigorosa o suficiente para garantir que os alimentos contenham apenas as quantidades de agrotóxicos estabelecidas como seguras?

A lei dos agrotóxicos (7.802) ainda é bastante atual e semelhante às legislações de países de primeiro mundo. O nosso problema não está na lei, mas, sim, na fiscalização. As pulverizações aéreas irregulares, desvios de uso de indicação de cultura, descartes irregulares de embalagens contaminadas no campo, contrabando de agrotóxicos proibidos e aplicações acima das doses recomendadas são exemplos da gravidade do problema. A grande extensão territorial e o contraste entre as regiões dificultam uma fiscalização mais eficiente. Além disso, a estrutura de fiscalização e de recursos humanos está muito aquém da nossa realidade de extensão territorial.

O senhor acredita que a aprovação do projeto de Lei 6.299/2002 pode ter impacto direto sobre a saúde do consumidor e do trabalhador rural?

Com certeza esse novo projeto de lei vai trazer muito mais prejuízos à sociedade. Devido à complexidade do registro de agrotóxicos, não pode ficar centralizado em um único órgão. A avaliação dos perigos dos agrotóxicos sobre a saúde humana é dever legal do Ministério da Saúde, por meio da Anvisa. Assim como os riscos ao ambiente, que é de competência do Ministério do Meio Ambiente, por meio do Ibama. O mercado de agrotóxicos no Brasil movimenta bilhões de dólares por ano, e é público e notório que o Estado Brasileiro é corrupto. Esse novo projeto de lei facilita a ação de lobistas e as pressões da indústria, além de flexibilizar o uso de agrotóxicos, que na lei atual deveriam ser restringidos ou mesmo proibidos.

Fonte: Correio Braziliense

Brasil registra mais de 40 mil novos casos de hepatites virais

Brasil registra mais de 40 mil novos casos de hepatites virais

Governo lança plano para eliminar tipo C da doença, que tem mais notificações

O Brasil registrou 40,1 mil casos novos de hepatites virais no ano passado, informou ontem o Ministério da Saúde. Comumente transmitida por água e alimentos contaminados, a do tipo A foi a que mais cresceu. Os casos mais que dobraram entre homens de 20 a 39 anos nos últimos anos também devido à transmissão por via sexual. Isso apesar de a hepatite A ser possível de prevenir com vacina disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças a partir de 15 meses a 5 anos de idade incompletos, mas em São Paulo, por exemplo, também para homens que fazem sexo com homens.

Apesar do rápido crescimento da hepatite A, a do tipo C ainda concentra o maior número de notificações. Foram 24,4 mil registradas no ano passado, elevando para 331,8 mil o número de pessoas com a doença no país desde a década de 1990.

Também transmitida por sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos perfurocortantes, a hepatite C acomete principalmente adultos com mais de 40 anos.

MUITOS DOENTES DESCONHECEM

Segundo o Ministério da Saúde, mais de 1 milhão de brasileiros, ou 0,71% da população do país, tiveram contato com o vírus da hepatite C, para qual o Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza tratamento com mais de 90% de chance de cura. Foram 76,5 mil atendimentos desde 2015. O problema é que muitas destas pessoas, mesmo diagnosticadas, não estão em tratamento, e outras tantas sequer sabem que têm o vírus.

Diante desse cenário, o Ministério da Saúde criou um plano para eliminar a hepatite C no Brasil até 2030. Em iniciativa conjunta com estados e municípios, a pasta informou que pretende simplificar o diagnóstico, ampliar a testagem e fortalecer o atendimento às vítimas de hepatites virais no país. ESTABILIDADE DO TIPO B Já a incidência de hepatite B apresenta pouca variação nos últimos anos, apontam os boletins epidemiológicos. Foram 14,7 mil casos em 2016 e 13,4 mil em 2017. A transmissão da hepatite B se dá por meio de sangue contaminado, sexo desprotegido, compartilhamento de objetos perfurocortantes e da mãe para o feto no útero ou o recém-nascido no parto, num processo conhecido como transmissão vertical. Pouco mais de 31 mil pacientes estão em tratamento atualmente. A vacina para hepatite B também está disponível no SUS, para crianças e adultos.

Referência: O Globo

Fonte: Capitólio Consulting 

Novos modelos de remuneração hospitalar focam em agregar valor ao paciente.

Novos modelos de remuneração hospitalar focam em agregar valor ao paciente.

Tendência já é adotada em países da Europa e EUA

O modelo de remuneração fee for service, baseado no pagamento por procedimento executado, é atualmente o mais usual na rede privada de hospitais no Brasil. Mas uma nova tendência mundial vem ganhando força no país e entrou no radar de grandes instituições de saúde nacionais, que começam, aos poucos, a implementar o modelo. O value-based payment, ou pagamento baseado em valor, sugere a remuneração com base na qualidade do atendimento prestado ao paciente, fundamentada na relação entre os desfechos importantes a ele e o custo despendido para alcançá-los. Presidente da Federação Internacional de Hospitais (IHF) e membro do Conselho de Administração da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), Francisco Balestrin é um defensor dessa modalidade de pagamento por performance. É sobre Modelos de remuneração baseados em valor que ele falará no segundo dia do I Congresso Brasileiro de Instituições Católicas de Saúde (CBICS). O evento acontece entre 16 e 18 de julho, na sede da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Desenvolvido por uma dupla de professores e pesquisadores da Harvard Business School, o modelo defende que o objetivo final da atenção à saúde é gerar valor ao paciente. Para isso, levam-se em conta os resultados de saúde importantes para o cliente e os gastos para atingi-los. A proposta implica na reestruturação dos sistemas de saúde e depende de algumas etapas importantes, como análise de custos, adoção de unidades de prática integrada, medida de desfechos clínicos, integração de sistemas, pagamento por pacote de serviços, tecnologia da informação e expansão geográfica.

Países como Suécia, Estados Unidos e Alemanha já começaram a utilizar o modelo, mas a novidade vem demandando que sejam criados projetos para buscar esses processos e medir os indicadores. “Uma das maiores vantagens desse novo formato de remuneração é que mudamos o foco da percepção, que passa a ser o paciente em sua integralidade e não o procedimento em si. A desvantagem é que ainda não há muitos padrões definidos de como medir isso e as instituições que quiserem adotar o modelo terão que possuir um alto grau de informatização para poderem se comunicar com o paciente e reunir todas as informações necessárias. É um desafio complexo que teremos que encarar”, explica Balestrin.

Previsibilidade

Um dos grandes obstáculos da remuneração baseada em valor é conseguir prever custos e resultados do tratamento. Para o presidente da IHF, nos casos de baixa complexidade, as organizações conseguem ter uma estimativa de como será a conclusão do processo terapêutico e, com isso, negociar um valor fixo com as operadoras de saúde. Já quando se trata de alta complexidade, os desfechos clínicos são menos previsíveis.

Atualmente, todos os modelos de remuneração do sistema de saúde privado brasileiro coexistem com um ponto em comum: a remuneração se baseia no quantitativo, sem levar em conta a qualidade do atendimento e a experiência do paciente durante o tratamento. “Os modelos que vigoram no país remuneram e premiam o resultado, focando somente no número de procedimentos realizados. A cirurgia de um paciente com câncer de próstata, por exemplo, pode parecer um sucesso num primeiro momento, mas se ele desenvolver disfunção erétil ou incontinência urinária depois do procedimento por conta de alguma falha na cirurgia, significa que o resultado final não foi bom. Nos modelos que temos hoje, isso não é levado em conta, não é medido. E isso é valor”, ressalta Balestrin.

Em consonância com as novas necessidades do mercado, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vem realizando grupos de trabalho frequentes com representantes de operadoras de planos de saúde, de sociedades médicas, de entidades representativas de profissionais de saúde e de prestadores de serviço para discutir formas inovadoras de remuneração. A Agência já anunciou sua disponibilidade para implementar em um futuro próximo projetos-piloto de modelos alternativos de pagamento atrelados à indução da qualidade do cuidado, embora já tenha declarado que não será editado nenhum normativo definindo qual será o modelo padrão de remuneração. “Acredito que no futuro os modelos vão conviver entre si. Há procedimentos, como Raios-X, por exemplo, que não têm necessidade de se aplicar esse modelo. Já nos tratamentos oncológicos e cardiológicos a remuneração baseada em valor se aplica muito bem”, esclarece Francisco Balestrin, que fará palestra no dia 17 de junho no I CBICS.

Fonte: Saúde Business

Como avaliar se os planos de saúde com coparticipação e franquia servem para você

Como avaliar se os planos de saúde com coparticipação e franquia servem para você

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) publicou as regras para a aplicação da coparticipação e franquia em planos de saúde. Essas modalidades existem desde 1998, mas era preciso uma regulamentação para deixar claras as condições, critérios e limites de cobrança. E são diferentes da modalidade regular, em que o consumidor paga uma mensalidade fixa e não precisa arcar com cobranças extras — e continuarão existindo.

Os planos com coparticipação ou franquia custam, em média, 20% menos do que os convencionais — índice que pode ser considerado baixo ao se levar em conta os gastos adicionais que podem surgir. Veja, abaixo, como avaliar se os novos planos servem para você e quais são as principais mudanças e os cuidados que se deve tomar antes de contratar um plano sob as novas condições.

 Como avaliar se os novos planos servem para você

Esteja ciente de que um plano com coparticipação e franquia impede previsibilidade, ou seja, você nunca sabe quanto realmente gastará com saúde a cada mês.

Diretor da ANS defende novas regras para planos de saúde: “Teremos controle maior do que será cobrado”Diretor da ANS defende novas regras para planos de saúde: “Teremos controle maior do que será cobrado”

Idosos ou portadores de doenças crônicas devem evitar os novos planos, pois tendem a precisar de atendimentos médico várias vezes ao mês, multiplicando as cobranças.

Em média, planos com franquias e coparticipação têm custo 20% menor do que os convencionais. É uma diferença relativamente baixa quando se avalia os gastos adicionais que podem surgir.

Fique atento ao impacto no bolso. Geralmente, a pessoa já contrata um plano de saúde dentro do limite do que pode gastar por mês, então cada real a mais pode pesar em demasia no bolso.

Se tem seus médicos de confiança, esteja ciente que os procedimentos gratuitos não serão necessariamente realizados por toda rede credenciada: a administradora poderá indicar alguns médicos, clínicas e hospitais para realizarem consultas e exames totalmente gratuitos.

O que é um plano de saúde com coparticipação?

É o plano em que o beneficiário paga um valor à parte pela realização de um procedimento ou evento como internação ou emergência. Estão previstas três formas de cobrança neste formato:

Percentual sobre o valor do procedimento, efetivamente pago pela operadora ao prestador de serviços.

Percentual sobre valores em tabela de referência que contenha a relação de procedimentos.

Valor fixo sobre o procedimento, previamente definido.

O que é um plano de saúde com franquia?

É aquele em que é estabelecido um valor no contrato até o qual a operadora não tem responsabilidade de cobertura, seja nos casos de reembolso ou nos casos de pagamento à rede credenciada. Semelhante à franquia de um seguro de automóvel, por exemplo, em que o pagamento mínimo sempre é feito pelo cliente. Conforme a ANS, haverá dois tipos de cobrança:

  • Dedutível Acumulada, em que as despesas acumuladas são renovadas a cada 12 meses, contados da assinatura ou do aniversário do contrato.
  • Limitada por Acesso: a operadora não se responsabiliza pela cobertura das despesas assistenciais até um valor definido em contrato, cada vez que o beneficiário utiliza um serviço.

Estes planos também podem ser exclusivamente odontológicos?

Sim, os mecanismos de coparticipação e franquia também podem ser utilizados em planos odontológicos.

 Essas categorias de planos são novas?

Planos com coparticipação e franquia já existem e são usados pelo mercado. Atualmente, mais de 52% dos beneficiários de planos médico-hospitalares (ou seja, 24,7 milhões de beneficiários) possuem contrato com um desses mecanismos.

Os contratos existentes serão alterados?

Não. Os contratos firmados antes da entrada em vigor do normativo não se submetem as novas regras, exceto os coletivos, que poderão ser renegociados.

Haverá limite para estas cobranças?

Sim, tanto para o formato franquia quanto de coparticipação haverá duas formas de “teto” na cobrança: o valor máximo pago pelo beneficiário ao longo de um ano não pode ultrapassar o valor correspondente a 12 mensalidades; e há limite mensal, em que o valor máximo pago pelo beneficiário a cada mês não pode ser superior ao valor da mensalidade.

E há limite para coparticipação?

Sim, a regra geral é que o máximo a ser cobrado do beneficiário não poderá ultrapassar 40% do valor do procedimento ou evento em saúde efetivamente pago pela operadora. No entanto, os limites poderão ser esticados em mais 20% em acordos ou convenções coletivas de trabalho (atingindo um total de 60% na coparticipação).

Como será a coparticipação e franquia em internação e emergência?

Somente poderá ser cobrado valor fixo e único no caso de pronto-socorro. O valor deverá ser previamente conhecido pelo beneficiário e não poderá ser superior a 50% do custo da mensalidade. Em internações, o valor será fixo e único e não poderá ser superior a 100% da mensalidade.

Quando as novas regras entram em vigor?

Em 180 dias a partir da publicação, ou seja, em 28 de dezembro. Quem assinar contratos de planos de saúde com coparticipação e franquia nesses seis meses antes de as normas entrarem em vigor ainda estarão sujeitos às regras antigas.

Todos procedimentos terão coparticipação?

Não. A nova norma estabelece que não poderá haver incidência de coparticipação e franquia sobre mais de 250 procedimentos, entre consultas, exames preventivos, de pré-natal e neonatal e tratamentos crônicos.

Fonte: Anahp

 

Maioria não sabe quanto poupar para garantir aposentadoria, diz pesquisa

Maioria não sabe quanto poupar para garantir aposentadoria, diz pesquisa

Definir o orçamento necessário para se aposentar mantendo o padrão de vida atual e, a partir disso, planejar quanto precisará poupar agora para atingir a meta futura são os passos iniciais de quem quer garantir o sustento quando parar de trabalhar.

Tomar essas primeiras providências, no entanto, não tem se mostrado fácil para boa parte da população. Pesquisa encomendada pela FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência Privada e Vida) ao Instituto Ipsos aponta que metade dos brasileiros pretende se aposentar até os 64 anos, mas 48% não sabiam responder qual seria o valor da aposentadoria que receberiam.

Foram ouvidas 1.200 pessoas, com idades entre 16 e 60 anos, de 72 municípios durante o mês de abril.

Embora 60% tenham considerado necessário um plano complementar de previdência, 55% não souberam informar o percentual do salário que estariam dispostos a poupar por mês para garantir a aposentadoria.

“Essa mistura de falta de conhecimento sobre como funciona a previdência pública com a falta de conhecimento sobre instrumentos de poupança privada causa confusão. A gente vê um aspiracional, mas as pessoas não sabem exatamente como fazer essa conta”, diz Edson Franco, presidente da FenaPrevi.

Antes de começar a poupar para a velhice, é necessário já ter separado uma reserva de emergência, alocada em ativos de baixa volatilidade e boa liquidez.

“A previdência é um investimento de longo prazo, se a pessoa nem fez a reserva de emergência, vai começar a aplicar o dinheiro para a aposentadoria e vai precisar resgatar na primeira necessidade”, diz Angela Nunes, planejadora financeira certificada pela Planejar (associação dos planejadores financeiros).

Com a reserva garantida, o próximo passo é conhecer seu orçamento atual e, fazendo ajustes, projetá-lo para o futuro.

“Sabendo as despesas que tem, é possível simular quanto precisará lá na frente. Hoje, você pode ter filhos e gastar com escola. Então, pensa que, ao se aposentar, não terá mais esse gasto, mas as despesas com saúde serão maiores, por exemplo”, diz Nunes.

A partir de um orçamento futuro definido, calcula-se o valor que será coberto pela previdência pública, para quem contribui ao INSS, e quanto deve ser complementado por conta própria. Vale lembrar que, dificilmente, os poupadores conseguem se aposentar pelo teto da Previdência, hoje em R$ 5.645,81.

A pesquisa da Ipsos mostra que apenas 18% dos entrevistados disseram que planejam se sustentar quando aposentados com uma poupança ou previdência privada —11% ainda não sabem como farão.

Escolher um plano de previdência privada requer conhecer as diferentes modalidades.

Com um PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) é possível abater até 12% da renda tributável, desde que a pessoa contribua também ao INSS. Ele é indicado para quem faz a declaração completa do Imposto de Renda.

Caso contrário, o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre), considerado um seguro, é mais interessante, porque a tributação na hora do resgate incide apenas sobre o rendimento.

Na previdência privada, não há também o come-cotas, o desconto semestral de IR que ocorre nos fundos. “Esse valor que deixa de render nos fundos passa a ser uma diferença bastante significativa a partir de três anos de contribuição”, afirma Raphael Swierczynski, presidente da Ciclic, fintech digital de planos de previdência.

Em ambos os casos, no entanto, é preciso considerar os custos dos planos costumam ser salgados. Além da taxa de administração –que se recomenda não ultrapassar 1%–, há também a taxa de carregamento, cobrada geralmente no resgate para inibir saques antes do prazo.

Apostar todas as fichas em um único ativo não é indicado, principalmente em um cenário de taxas de juros baixas, como no Brasil, em que o investidor precisa se arriscar mais em busca de rentabilidade.

“A previdência não deve ser a única opção de um portfólio e envolve, necessariamente, visão de longo prazo, o que a torna menos vulnerável a momentos de incerteza como os vividos atualmente pela economia brasileira”, afirma Jorge Pohlmann Nasser, diretor presidente da Bradesco, Vida e Previdência e da Bradesco Capitalização.

Entre as opções menos arriscadas, Nunes cita títulos públicos de longo prazo. Se quiser uma rentabilidade maior, como o objetivo da aposentadoria é de longo prazo, “é possível colocar também parte do dinheiro em ativos de maior risco, como ações e fundos multimercado mais arrojados”, completa.

Na busca por ganhos maiores, com mais segurança e menos sacrifício para poupar, uma regra não muda: quanto antes começar, melhor. “Conforme o poupador vai chegando mais perto da aposentadoria, terá que reduzir a agressividade e buscar ativos mais conservadores.”

Autor: Anaïs Fernandes

Referência: Folha de São Paulo

Fonte: Capitólio Consulting