Quando o assunto é câncer, a maior parte dos especialistas concorda que o número de casos no Brasil deve ser muito maior do que as estimativas atuais. Mas uma mudança na lei vai permitir que se trace um retrato mais fiel da doença.
Um diagnóstico muito duro de receber tanto para o paciente quanto para a família. Seu Vantuil descobriu em outubro de 2017 que está com câncer de esôfago. Desde então Patrícia, a filha, tem lutado para que o pai tenha atendimento médico.
Patrícia Teixeira contou que demorou quatro meses para o pai fazer a biopsia. Para passar por um oncologista levou nove meses e a espera ainda não terminou. “Ele está em casa, sem tratamento”, diz Patrícia.
No Brasil, uma lei de 2012 prevê que pacientes diagnosticados com câncer iniciem o tratamento na rede pública em no máximo 60 dias. Mas quatro em cada dez acabam esperando muito mais que isso, segundo o Ministério da Saúde. Essa é só uma estimativa porque não há um levantamento oficial sobre casos de câncer no país.
“O que os governos têm divulgado é que, como regra geral, não têm conseguido cumprir por uma série de entraves burocráticos, falta de recursos”, explica Leandro Machado, porta-voz do Go All.
Leandro faz parte de um grupo de entidades que atuou para aprovar o projeto de lei que obriga todos os hospitais a notificarem os casos de câncer.
A expectativa é que a notificação obrigatória ajude a direcionar os recursos para combater o câncer no país. Identificar onde há maior falta de equipamentos para diagnóstico e para tratamento, onde estão os gargalos, é fundamental para direcionar melhor os investimentos e aumentar a eficiência na luta contra a doença.
“Investir, principalmente, em diagnóstico precoce. Porque se eu fizer diagnóstico precoce de câncer e tratamento adequado, eu vou curar 90% dos casos”, afirma Ademar Lopes, vice-presidente do AC Camargo Câncer Center.
A lei entra em vigor no final de dezembro. Ainda falta discutir detalhes importantes. “Aprovada a lei, como ela vai ser regulamentada? Quais são as regras, em quanto tempo é obrigado a notificar, quem não notifica o que acontece, qual a penalidade para quem não notifica?”, questiona Leandro.
A esperança de Patrícia é que a notificação obrigatória seja o primeiro passo para mudar a situação de pessoas como o pai dela. “A gente está falando de câncer, não dá mais para esperar”, afirma.
Referência: Jornal Nacional – Rede Globo
Fonte: Anahp
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