Plano de saúde sustentável frente à pandemia: como manter a eficácia

por | abr 29, 2020 | Planos de Saúde | 0 Comentários

Trabalho há mais de 20 anos com planos de saúde e benefícios corporativos e a pergunta que mais ouço é: qual o melhor plano de saúde do mercado? O curioso é que a resposta é mais simples do que parece: o melhor plano de saúde corporativo é aquele que conversa com a realidade, plano de negócio, perfil de funcionários e orçamento da sua empresa.

Plano de saúde sustentável é que tem eficácia a médio e longo prazo, afinal de contas costuma ser o segundo maior custo depois da folha de pagamento. Eu sei que a prática não é tão simples. Embora pareça óbvio, alguns fatores importantes não são considerados na hora da contratação.

Quando uma empresa vai ao mercado a fim de buscar alternativas para o plano de saúde corporativo, no momento da análise, o que salta aos olhos é a economia e os diferenciais apresentados. Se esses dois fatores apontarem para uma marca que é o sonho de consumo do gestor responsável, pronto, a escolha está feita. Se a marca não é a mais desejada, mas apresenta algum diferencial competitivo, está tudo ok também.

Com toda certeza, não existe nada de errado com uma decisão baseada nos fatores acima, mas existem outras análises mais profundas que deveriam ser consideradas, porém, costumam ser ignoradas. Confira detalhes importantes no vídeo abaixo: 

Um ponto muito importante na escolha de um plano de saúde empresarial é a necessidade de assegurar se ele realmente conversa com a realidade financeira da empresa, perfil do grupo e, consequentemente, o negócio, e isso vai além do valor final da fatura.

Os custos do plano de saúde corporativos são definidos a partir do histórico de utilização, faixa etária, sinistralidade e localização geográfica da empresa, entre outros fatores. Quando o preço é orçado, todos esses pontos em conjunto fazem parte da equação que definirá o custo médio, somando tudo isso aos riscos imprevisíveis que precisam ser considerados.

Neste momento de pandemia, complexo e cheio de ameaças, um desenho sustentável precisa estar alinhado ao orçamento presente e futuro da empresa.

Frequentemente me deparo com empresas que oferecem um ótimo plano de saúde, além da sua capacidade financeira. Nesses casos, é comum perceber que, embora totalmente conscientes de que algo precisa ser feito, essas empresas são resistentes a qualquer mudança com algum impacto mais significativo, e acreditam em um milagre.

Com essa perspectiva, vão ao mercado com o único objetivo de encontrar economia. Preço é tudo o que importa e esse processo mais superficial de avaliação não os deixa enxergar os fatores que realmente enfraquecem o programa de saúde.

Nessa busca pelo preço, em anos bons, essas empresas encontram oportunidades alinhadas ao que procuram. Mas com o decorrer do tempo, o problema financeiro vai surgir de novo, única e exclusivamente porque o desenho do plano não é sustentável e exige ajustes profundos.

Por conta desse cenário, quero compartilhar alguns pontos que merecem atenção especial, antes e depois da contratação. Não se deixe enganar, eles são importantes para a ter um plano de saúde sustentável na sua corporação

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O que fazer antes de contratar o plano de saúde?

1. Avalie o custo do plano de saúde

Avalie além do valor total da fatura, vá além do ganho inicial. O custo precisa caber no orçamento da empresa. Tome como base de orçamento o pior cenário

Ao apurar o custo final da fatura, faça uma projeção aplicando a média do reajuste que a sua empresa recebeu nos últimos anos X sinistralidade média, que é determinada pela Agência Nacional de Saúde. Projete esse valor para dois anos à frente, uma vez que o plano é reajustado todos os anos e os novos contratos, em sua maioria, exigem 24 meses de permanência. 

Após calcular essa projeção de reajuste, se o valor final conversar com o orçamento da empresa, siga em frente. Caso não seja sustentável, ajuste o desenho, reduza valores e coberturas.

2. Busque informações sobre a operadora do plano de saúde

Procure saber sobre a operadora/seguradora que você pretende contratar:

  • Ela é flexível? 
  • Como foram os reajustes nos últimos anos? 
  • Os produtos são estáveis ou ela muda a grade a cada momento? 
  • É aberta para ouvir e atender exceções? 

Um bom representante comercial tem todas essas informações catalogadas para você avaliar. Não seja indiferente à importância desses detalhes.

3. Analise a rede credenciada

  • A rede credenciada apresentada atende às necessidades?
  • O reembolso é linear ao atualmente praticado?
  • Os hospitais, laboratórios e recursos mais utilizados pelo seu grupo fazem parte do produto a ser contratado?
  • Se não fizerem, haverá algum impacto?

Essa responsabilidade de análise do produto atual versus o que será contratado sempre é de responsabilidade da empresa contratante. Fazer as perguntas certas nesse momento é meio caminho andado em direção ao sucesso.

4. Elabore uma estratégia de comunicação

Se decidir mudar, qual a estratégia de comunicação? Não ignore a importância dessa iniciativa, informação nunca é demais!

5. Revise o contrato cuidadosamente

Avalie o contrato com atenção, considerando o impacto de cada cláusula na realidade do seu negócio.

6. Faça uma pesquisa da concorrência

Um plano de saúde de bom padrão pode ser uma excelente ferramenta para a admissão e retenção de talentos, mas é importante que você também avalie as práticas de mercado das empresas concorrentes. Se pode oferecer um plano mais robusto, ótimo, mas avalie a concorrência para potencializar o seu investimento.

O que fazer após a contratação do plano de saúde?

1. Acompanhe a gestão do plano de saúde

Um profissional da sua confiança, engajado, a fim de acompanhar em conjunto com os responsáveis técnicos, de forma regular e disciplinada, os indicadores do plano e a sinistralidade, aplicando ajustes quando necessário.

2. Acompanhe de perto os grupos de risco

Acompanhamento constante do grupo de risco, casos graves, maiores usuários, ofensores e grupo de crônicos.

3. Acompanhe indicadores

Análise pontual dos indicadores de absenteísmo e afastamentos.

4. Realize ações de saúde e bem-estar

Ações de promoção da saúde voltadas às necessidades apuradas e com mensuração de resultados.

5. Envolva os funcionários

Envolvimento dos usuários na gestão, canal aberto e transparente sobre os indicadores, vulnerabilidades e auto responsabilidade para manutenção do plano de saúde.

Não se deixe enganar, esses fatores sempre serão importantes, embora muitos prefiram se concentrar unicamente nos custos.

A pandemia trouxe uma urgência nos controles dos custos e prioridades das empresas. Contar somente com a sorte na gestão dos planos de saúde corporativos e transferir a culpa para terceiros no momento da renegociação do contrato não combinam com esse momento, se a gestão não for eficiente agora, poderá comprometer o orçamento da sua empresa de forma catastrófica.

Eu te convido a mergulhar nos números, avaliar os processos e, se necessário for, tomar decisões difíceis. O futuro é de quem decide hoje, agir com coragem, sabedoria e responsabilidade.

Sobre a Autora:

https://www.linkedin.com/in/debora4health/

Débora Carrera Maia, é Sócia Diretora da 4Health Consultoria, sócia e diretora da 4Health Consultoria em Saúde e Benefícios, empresa especializada na gestão de planos de saúde, pacote de benefícios e programas de qualidade de vida e bem-estar.

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